Brincadeira realista: bonecas produzidas em Porto Alegre parecem bebês de verdade


Alessandra Tavares aprendeu a como fazer bebe reborn e agora divide o espaço de seu salão de beleza, na Avenida Brasil, na Capital, com um atelier onde pratica um hobby que define como terapêutico: a confecção de bebês reborn (do inglês, renascer). Da vitrine, é possível ver as bonecas hiper-realistas dispostas em berços e pequenas redes. A arte surgiu na vida da cegonha (como são chamadas as pessoas que fazem as bonecas) há cerca de seis anos, quando a filha, Rafaela, pediu à mãe um exemplar. "Propus a ela de eu fazer a boneca. Participei de cursos em São Paulo e aqui, que nem existe mais", recorda. Agora, conquista uma fatia de clientes que querem artigos exclusivos e personalizados.

Nesse período, ambas se dedicaram ao negócio, batizado como Rafaela Reborn. Há bebês à pronta-entrega e também os produzidos com base em feições de crianças de verdade. O trabalho é realizado em cima de vinil siliconado, importado da Alemanha. O processo consiste em banhos de tinta e idas ao forno, até chegar ao resultado. "Leva de dois a três dias trabalhando direto. Se faço aos poucos, demora uma semana ou mais", mensura Alessandra. Existem dois modelos de corpo: todo em vinil (com gênero definido e mais pesado) e o de tecido. O mesmo acontece com os cabelos naturais, de fio a fio ou perucas fixas.


Quem quer um dos bebês prontos, investe de R$ 600,00 a R$ 1,6 mil. Já para ter um exemplar com as características sob medida, o desembolso parte de R$ 3,5 mil. O atelier dá desconto à vista e trabalha com parcelamento no cartão. Para a empreendedora, o custo alto é justificável.

"As pessoas não conhecem muito sobre. É uma arte. Vem entrando muitos bebês da China e pensam que é igual, mas não é", alega.
A entrada da concorrência industrial e em série no mercado diminuiu a rentabilidade do Rafaela Reborn. No passado, conseguia faturar de R$2 mil a R$3 mil mensais. "Viver só da arte não é possível", lamenta. Outra ressalva feita pela cegonha é para ter cuidado com os golpes na hora da compra. "Existem sites falsos, que não entregam os bebês", alerta.

De acordo com Alessandra, os bebês reborn, se bem cuidados, podem passar de mãe para filha. Por isso, no manual que ela entrega com o item, é recomendado que não dê banho de chuveiro, banheira, não segure ou puxe os cabelos e nem deixe o bebê próximo à fumaça de cigarro. O kit das bonecas do atelier vem também com pente e escova de cerdas macias, certidão de nascimento (com espaço para preencher nome da mãe, madrinha, altura e peso), roupinha, bico (com imã) e mamadeira.


O público do negócio, de acordo com a artesã, contempla a faixa etária dos seis aos 80 anos, diferentes classes sociais e as vendas acontecem para todo o Brasil. A cabeleireira destaca que a brincadeira estimula o instinto materno. "Recebo fotos das meninas dormindo com as bebês, da rotina deles. Fazem até festinha de aniversário, é como um filho", aponta. "Os adultos nunca compram uma só. É um sonho de consumo", acrescenta.

A cegonha se diz recompensada quando se depara com esse feedback positivo. Ela própria lembra da primeira vez em que viu uma bebê reborn. "A primeira pessoa que vi entrando no Brasil com uma boneca assim foi a Angélica. Mas, na época, não existia internet para saber", conta. Rafaela, no momento com 15 anos, tem três bebês e a adolescente cultiva o hábito de levá-los passear no shopping.

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com/